Daniel Pellegrim Sanchez
Não
foi um passeio, tão pouco foi uma viagem, não fez parte de uma rotina de
trabalho, de uma caminhada cotidiana, de um momento de lazer ou entretenimento.
Havia indignação, mas nas vidraças do globalitarismo[1]
lançamos o cochilo, a República do
Cochilo. Cochilos (a)tirados em praça pública, contra a rapidez dos fluxos
modernos, contra a globalização e suas fábulas, seus espetáculos que encobrem,
escamoteiam inúmeras perversidades.
Daniel Pellegrim Sanchez, sem título, 2013,
fotografia.
A ideia da realização da República do Cochilo - uma intervenção
urbana - surgiu em sala de aula, dentro do programa de pós-graduação em Estudos
de Cultura Contemporânea da Universidade Federal de Mato Grosso (ECCO - UFMT),
onde estudamos as disciplinas de Poéticas Contemporâneas.
Trabalhamos, junto à professora Dr.ª
Maria Thereza Azevedo, com vários textos relacionados as práticas estéticas em
espaços urbanos. Dentro das perspectivas das intervenções urbanas, das derivas
propostas por Guy Debord, um dos protagonistas do movimento Internacional
Situacionista[2], definimos
os locais de nossas intervenções. Foram escolhidas a Praça Alencastro e a Praça
da República no centro de Cuiabá, capital do estado de Mato Groso e também o
dia, 5 de julho de 2013.
Cada
aluno pode colaborar com informações, relatos, experiências, fotos e, a partir
disso, definimos que iríamos passar o dia no centro de Cuiabá, sendo que pela
manhã iríamos ao Senadinho - apelido
dado a um grupo de aposentados que reúnem-se diariamente ao lado da Praça
Alencastro para conversas livres - e iríamos interagir com eles buscando
discutir pautas da cidade. Depois, nos deslocaríamos pelo centro, caminhando
para algum restaurante onde almoçaríamos, finalizando o trajeto na Praça da
República[3],
onde instauraríamos a República do
Cochilo. Todo esse percurso seria realizado com sombrinhas coloridas
protegendo-nos da intensa luz e calor do sol.
O
nome cochilo foi deliberadamente escolhido, pois é comum em lugares quentes
como Cuiabá a prática do cochilo depois do almoço, o que segundo conhecimentos
tradicionais, revigora, previne doenças, melhorando a disposição e a saúde. Depois
do almoço, estando o grupo de alunos na Praça da República, que naquele momento
portava em seu marco central um cartaz com o nome República do Cochilo, espalhamos colchões de ar, amarramos redes
nas árvores, colocamos puffs e
cadeiras, tudo isso para uso de quem quisesse mudar de ritmo, parar, sentar-se,
cochilar e também desabafar. Falamos em desabafo, pois também propomos a banca do desabafo, qualquer pedestre
poderia parar e desabafar, escrevendo em papéis suas propostas, desejos,
angústias etc. Papéis que algumas vezes iam para uma bacia com água e outras
eram pendurados em varais.
Daniel Pellegrim Sanchez, sem título, 2013,
fotografia.
Os
varais receberam também outros objetos, como as sombrinhas, uma tela artística
e um galho de ecsória[4].
Um galho sem terra. Ao fundo, a escultura de um índio sem território que agoniza no colo da justiça... Eu estava
deitado, "cochilando", quando uma mulher que passava a passos largos,
com pressa, colocou o tal galho no varal. Pareceu-me obra do acaso. O galho ficou
por pouco tempo, o suficiente para que eu tirasse uma única fotografia, logo, talvez
por não possuir escrita, nem o trabalho/parada/pensamento dos outros "desabafos",
o galho foi retirado do varal. Vi aquele galho como um desabafo do acaso,
passageiro, censurado, que rouba a cena por alguns instantes e some. Foi como
se a pequena sombra do galho, por um momento, entrasse em sincronia com o passeio das sombrinhas[5]
para aliar-se a suas intenções.
Daniel
Pellegrim Sanchez, Desabafo do acaso, 2013,
fotografia.
Daniel
Pellegrim Sanchez, Não por acaso, 2013,
fotografia.
Sombrinhas
que querem, pedem sombras para a cidade. O passeio de sombrinhas
incitou-nos a pensar sobre o tamanho e a quantidade de sombras. A falta de
árvores em Cuiabá é facilmente constatada, basta esquadrinhar a cidade a pé que o sol a pino faz a denúncia. Quando elas existem, são pequenas,
com grandes espaços entre uma e outra. Comerciantes reclamam que elas encobrem
as fachadas e fazem alguma sujeira; políticos dizem das dificuldades de plantio
alegando falta de espaço, as dificuldades com o período de seca, que o solo é frágil e as tempestades com vento
derrubam as árvores tornando a manutenção inviável, onerosa etc.; as podas realizadas
pela companhia de energia é grosseira, muitas vezes acabando com as copas das
árvores. Também constatamos que, com o crescimento das cidades, novos
empreendimentos surgem a todo momento e a lógica de construção moderna, diante
desta grande especulação imobiliária, costuma ser predatória, retirando toda a
cobertura arbórea do terreno, cortando-se as árvores grandes, centenárias, para,
noutros, pequenos canteiros, colocarem pequenos arbustos, com poucos resultados
do ponto de vista ambiental. Isso também ocorre com as soluções modernas de
mobilidade urbana, como vimos com a implantação do veículo leve sobre trilho (VLT),
onde muitas árvores foram cortadas e ainda não sabemos se haverá compensação
para esses danos ambientais.
Benedito Nunes, O pássaro e o eletricista, OST,
110X95, 1998.
Não estamos desprezando as pequenas
árvores, os arbustos, mas temos que pensar que árvores grandes, com copas
frondosas, além de possibilitarem a liberação visual das fachadas dos
comércios, através da poda dos galhos baixos, produzem de forma mais eficiente
os resultados de esfriamento e a qualidade de vida necessários na região. Há cidades no Brasil onde as ruas são verdadeiros túneis verdes, e isso não atrapalha o
comércio, tão pouco o trânsito, ao contrário, as pessoas procuram esses locais,
pois a mobilidade é mais agradável, existe sombra e mais vida.
Existe espaço, existe tecnologia,
existem árvores de grande porte que se adaptam bem a essas localidades, ao clima, é
preciso paciência e o cuidado para que elas cresçam. Temos a notícia que é
possível fazer covas cuja profundidade, o preparo e a forma de plantio fazem
com que a árvore ganhe sustentação para resistir a eventuais ventanias e também ao período de seca. A
disputa do espaço aéreo com os fios é um dos principais problemas na produção
de sombras, nesses casos a principal solução tem sido o rebaixamento da fiação.
Essa alternativa embora tenha um custo inicial elevado tem uma série de
vantagens a médio e longo prazo. Em municípios onde não é possível tais
investimentos, há como ocupar o lado oposto aos postes de eletricidade, ou
mesmo os canteiros centrais das vias de mão dupla, em algumas cidades
brasileiras grandes árvores ocupam espaços mínimos em canteiros centrais. Com
os cuidados certos e tecnologia é possível também a coexistência dos fios e das
copas das árvores. Em muitos locais, o corte de determinados tipos de árvores
foram proibidos, etc.
Árvores de grande porte garantem
sombreamento, seja na proteção da insolação indesejada, seja na redução do
consumo de energia, seja na matização das superfícies pavimentadas ou
construídas, criando o efeito de filtragem dinâmica. (MASCARO, s/d).
O
passeio com as sombrinhas nos provocou a reflexão sobre mobilidade urbana,
qualidade de vida, pois sabemos que "juntamente
com o esfriamento pela transpiração, as sombras das árvores podem ajudar a
refrescar os locais, evitando o aquecimento das superfícies artificiais que
estão sob a cobertura arbórea. Estes efeitos podem reduzir a temperatura do ar
em até 5ºC"[6].
A
arborização pública não só é uma ótima estratégia de sustentabilidade urbana,
mas em locais quentes como a baixada cuiabana, trata-se de uma opção necessária
para a melhoria da qualidade de vida, afinal, não é preciso ser climatologista para prever que, com os modelos adotados na construção civil e com a crescente diminuição de áreas e espaços "verdes", as cidades da baixada tendem a ter
dias em que o nível de calor poderá atingir intensidades impróprias para o
trabalho, para a vida. Pensamos que o plantio, assim como o desenvolvimento de
tecnologias de plantio e manutenção de árvores deve estar sempre em pauta.
Árvores em praças e parques, com um manejo adequado, bem cuidadas, incentivam a
interação social, a ocupação dos espaços públicos e, de acordo com Jeremy
Mennis (apud DUFFY, 2013, s/p), "o aumento de áreas de vegetação nas
cidades não só melhora os indicadores ambientais e a qualidade de vida, como
também pode ajudar a reduzir os níveis de criminalidade.”
A
artificialização do clima, que nessas localidades podem atingir níveis
espetaculares, pode amenizar, adiar o problema, mas essa mesma artificialização
cria outros problemas, a exemplo do ressecamento do ar em ambientes
refrigerados, do choque térmico ao sair e entrar nesses ambientes, de problemas
respiratórios devido ao acúmulo de pó nos equipamentos e dutos de ventilação,
do encarecimento do custo de vida devido ao consumo de energia desses
equipamentos, dos impactos ambientais na geração dessa energia e no descarte
desses mesmos equipamentos etc.
Contra
as árvores temos a sociedade do espetáculo com sua comunicação visual comercial
agressiva, com a especulação imobiliária, com ruas congestionadas e veículos
motores semi-vazios, com o desmatamento ilegal, com o problema do custo das
passagens dos ônibus e futuramente do VLT, com a falta de boas calçadas para
caminhadas e ciclovias etc. A tudo isso soma-se a exploração irresponsável dos
recursos naturais onde, em nome do lucro, tudo é possível, tudo é permitido. Desse
modo, no interior do país, a lógica globalitarista se esconde, se expande e
encontra pouca oposição.
Daniel
Pellegrim Sanchez, Justiça de salto alto, 2013, fotografia.
Escultura de Jonas Corrêa.
Percebemos que no interior do
Brasil, no centro da América do Sul, a modernidade que aqui chega tardiamente,
segue seu projeto rumo a completude, muitas vezes produzindo resignação,
conformismo, ou como diria Milton Santos, uma perversa tranquilidade diante das
fábulas globais criadas por uma lógica que privilegia o lucro, a competividade
de massacre que acentua e aprofunda desigualdades sócioespaciais (SANTOS, 2005,
p.253).
"Cochilando" flagramos os
antagonismos que são comuns a muitos centros históricos de cidades brasileiras.
Na Praça da República, a catedral moderna que foi (im)posta sobre a colonial
evidencia contradições. A sucessão de diferentes concepções arquitetônicas e
urbanísticas vista em espaços reduzidos de praças do centro urbano de Cuiabá,
somada ao ritmo constante da passagem de veículos e pedestres, não só nos
proporciona uma reflexão sobre a sucessão de técnicas e ritmos, mas também
revela a realidade da "interdependência
universal dos lugares" (SANTOS, 2005, p. 255). Interdependência que se faz por
meio de lógicas verticais impostas pela especulação financeira internacional,
que está ligada à realidade informacional, ao mercado globalizado.
As praças
centrais de Cuiabá também revelam as realidades profundas da colonialidade. O
centro da cidade, diferentemente do centro de outras cidades ribeirinhas, não
foi feito à margem de um rio. Do rio Cuiabá, não se vê o centro da cidade e
vice versa, o centro está acerca de dois quilômetros do rio, caminho por onde
chegavam e saíam os primeiros colonizadores. O centro foi escondido, estrategicamente
invisibilizado como forma de assegurar o território e a retirada do ouro que
ali se fazia abundante.
"Olhando
suas plantas setecentistas somos possuídos pela impressão de que, ao ser
edificada, se escolheu um lugar estrategicamente resguardado, escondido. O rio
servia de caminho apenas para aqueles que sabiam como chegar". (COSTA,
2000, p.27)
Não há mais ouro no centro de
Cuiabá, mas o território do estado de Mato Grosso é grande e rico em recursos
naturais. Muitos desses recursos naturais estão em territórios indígenas,
quilombolas, em áreas de preservação ambiental etc. e as tensões nesses
territórios são constantes. A invisibilidade do território, o encobrimento das
perversidades exploratórias do ouro, que pouco deixou para o local e que antes
se dava pelo simples afastamento da cidade do campo visual de quem passava pelo
rio, hoje é feito por dispositivos modernos de colonialidade, a exemplo do controle
da informação. A exploração da terra, dos recursos naturais continua deixando
poucos benefícios para o local em relação às riquezas que são extraídas.
Diante da realidade informacional,
Santos alerta para as manobras e o controle imposto pela grande finança
(grandes corporações internacionais, bancos, governos mundiais etc.), que tem a
informação como instrumento de dominação e colonização. De acordo com Santos, a informação é o grande instrumento do
processo de globalitarismo e da
produção de novas formas de totalitarismo de vida, porém, quando manejada por
pequenos grupos, de forma inteligente, podem produzir exatamente o efeito
oposto[7].
Desse modo, Milton Santos dá seu grito do território[8],
ação afirmativa que visa responder às verticalidades perversas da globalização,
se opor aos fundamentalismos do consumo irresponsável através de processos de
resistência que partem dos lugares onde tais perversidades foram impostas. Imposições
que ficam hiper-evidentes nessas regiões diante, por exemplo, do ruralismo
neoliberal, que embora tenha alta produtividade, utiliza-se de um modelo de
produção ligado à indústria da guerra, com a utilização de grandes quantidades
de veneno, de sementes transgênicas que dependem de ativações químicas, com financiamentos
vinculados aos grandes bancos. Soma-se a tudo isso o desflorestamento ilegal.
Santos, buscando o efeito
comunicacional oposto à informação globalitarista, observa como as sociedades
periféricas se estruturam, desvelando suas potencialidades produtivas, seus
modelos sustentáveis de produção, seja na construção de moradias, na
agricultura, na circulação das pessoas, nos comportamentos lúdicos
construtivos, nas relações interpessoais, nas formas de manifestação e constata
que, embora em muitos casos exista escassez de objetos e materiais, estas
comunidades produzem respostas originais, com o uso criativo desses mesmos
objetos e tecnologias, conseguindo globalizar um olhar outro. Santos fala que a
produção criativa dessas comunidades muitas vezes é invisibilizada devido ao
seu caráter político, de oposição à racionalidade única da modernidade, desse
modo, a profunda relação com o local cria formas próprias de racionalidade e
geralmente estes enunciados são contrários ou são críticos à lógica da
dependência da ordem global. A arte, a movimentação cultural pode dar
visibilidade crítica ao espetáculo globalitarista, produzindo enunciados de
oposição, e isso costuma ser veementemente combatido, seja através da cooptação
do(a) artista para a "mesma arte", seja provocando isolamentos,
difamações, desqualificações e até torturas psicológicas.
Com as respostas das periferias, do
lado de cá (sul do mundo), Santos prevê um novo período histórico, que ele
chama de período popular da história. Para Santos, devemos "pensar na
construção de novas horizontalidades que permitirão, a partir da base da
sociedade territorial, encontrar caminhos que nos libere da maldição da
globalização perversa que estamos vivendo e nos aproxime da possibilidade de
construirmos uma outra globalização, capaz de restaurar o homem na sua dignidade"
(SANTOS, 2005, p. 256).
Daniel Pellegrim Sanchez, sem título, 2013,
fotografia.
Dignidade, cidadania e solidariedade
são assuntos centrais na obra de Milton Santos, para ele “O Brasil jamais teve cidadãos, nós, a classe media,
não queremos direitos, nos queremos privilégios, e os pobres não tem direitos,
não há, pois, cidadania neste pais, nunca houve!” [9].
Santos afirma que diante da geopolítica que se instalou, proposta pelos
economistas e imposta pela grande mídia, o debate pela civilização foi trocado
pelo debate econômico, e esse hiper-reducionismo se dá através do pensamento único, onde uma parcela muito
pequena de privilegiados aceita tranquilamente a fome, as injustiças,
desigualdades, ou seja, não são cidadãos, não se sentem co-responsáveis pela
coletividade.
Assim, a "república que
cochila", pode ser também a república que aceita tranquilamente o
esvaziamento do conceito de democracia, que foge ao discurso da cidadania e da
dignidade humana, que se vende aos interesses da grande finança, que cede aos lobbies e às pressões da grande mídia.
Cochilo que ocorre diante da colonialidade do poder, do saber e do ser[10], diante do lado escuro do modernidade (MIGNOLO, 2011),
que faz esquecermos o território, a vizinhança e a solidariedade. O cochilo da
república se dá, muitas vezes, embalado em redes de "homens rápidos"
(SANTOS, 2010). Sobre homens e seus ritmos Milton Santos (2010, p. 594) diz:
Durante séculos,
acreditávamos que os homens mais velozes detinham a inteligência do mundo. A literatura
que glorifica a potência incluiu a velocidade como essa força mágica que
permitiu à Europa civilizar-se primeiro e empurrar, depois, a sua civilização
para o resto do mundo. Agora, estamos descobrindo que, nas cidades, o tempo que
comanda, ou vai comandar, é o tempo dos homens lentos. Na grande cidade, hoje,
o que se dá é tudo ao contrário. A força é dos "lentos" e não dos que
detêm a velocidade elogiada por Virilio em delírio, na esteira de um Valéry
sonhador. Quem, na cidade, tem mobilidade - e pode percorrê-la e esquadrinhá-la
- acaba por ver pouco da cidade e do mundo. Sua comunhão com as imagens,
frequentemente pré-fabricadas, é a sua perdição. Seu conforto, que não desejam
perder, vem, exatamente, do convívio com essas imagens. Os homens "lentos",
para quem tais imagens são miragens, não podem, por muito tempo, estar em fase
com esse imaginário perverso e acabam descobrindo as fabulações. É assim que
eles escapam ao totalitarismo da racionalidade, aventura vedada aos ricos e as
classes médias. Desse modo, acusados por uma literatura sociológica repetitiva,
de orientação ao presente e de incapacidade de prospectiva, são os pobres que,
na cidade, mais fixamente olham para o futuro.
Contra o cochilo da república,
Milton Santos propôs manifestações populares, como as acontecidas a partir de
junho de 2013 em todo Brasil, um período popular da história, propôs também a
ocupação de territórios, dos espaços públicos, a comunicação alternativa e
também trabalharmos ritmos outros.
"Tudo, todo o trabalho, todo o som
Cada passo que damos é ritmo
Cada palavra que falamos é ritmo
Tudo é ritmo"[11]
A intervenção urbana no centro de
Cuiabá, não só nos proporcionou um outro olhar sobre a importância da sombra em
espaços urbanos, mas também um encontro com os pensamentos de Milton Santos.
Pensamentos que nos dão ferramentas para nos reconhecer enquanto opositores aos
totalitarismos do pensamento único, um pensamento que encontra espaço
utilizando-se de dispositivos perversos de colonialidade a exemplo do racismo, do
sexismo, do patriarcalismo, do hiper-reducionismo ao lucro, muitas vezes
explorando o trabalhador local, com pouca responsabilidade ou retorno social,
degradando de maneira insustentável os recursos naturais. Reconhecendo-nos e
conhecendo o território em que vivemos, há sempre a possibilidade de
produzirmos respostas, seja nas artes, a exemplo da intervenção urbana que foi utilizada
para o texto desse trabalho, seja buscando soluções para os problemas da
cidade, do campo, seja nos relacionando de forma solidária e condescendente.
Daniel Pellegrim Sanchez, Passeio de sombrinhas, 2013, fotografia.
BIBLIOGRAFIA:
COSTA,
Maria de Fátima; DIENER, Pablo. Cuiabá:
Rio, Porto, Cidade. Cuiabá : Edição dos autores, 2000.
MIGNOLO, Walter D. The darker side of western modernity.
Global Futures, Decolonial Options. Duke University Press, Durham & London,
2011.
SANTOS,
Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo : Cortez, 2010.
SANTOS,
Milton. O retorno do território. En:
OSAL : Observatório Social de América Latina. Ano 6, no. 16 (jun.2005- ). Buenos
Aires : CLACSO, 2005.
_______________. O lugar e o cotidiano. In:. SANTOS, Boaventura de
Sousa; MENESES, Maria Paula (orgs). Epistemologias
do Sul. São Paulo : Cortez, 2010
SITES:
DUFFY, James. Study examines deterrent effect of urban greening on crime. Temple University. Fev. 2013. Disponível
em<http://news.temple.edu/news/2013-02-11/study-examines-deterrent-effect-urban-greening-crime>
Acesso em 15/08/20013.
JACQUES, Paola Berenstein. Urbanismo à deriva: o pensamento crítico
situacionista. Anais - SHCU, Seminário de História da Cidade e do
Urbanismo. Vol. 7, n. 1, 2002. Disponível em:< http://www.anpur.org.br/revista/rbeur/index.php/shcu/article/view/882/857>
Acesso em 15/08/20013.
MASCARO, Juan José; DIAS, Ariane Pedrotti de Ávila;
GIACOMIN, Suelen Debona: Arborização
Pública como Estratégia de Sustentabilidade Urbana. Passo Fundo:
Universidade de Passo Fundo – Faculdade de Engenharia e Arquitetura -
Disponível em:<http://www.usp.br/nutau/CD/29.pdf>
Acesso em 15/08/20013.
ROEBERTS,
Thomas, LEEUWENBERG, Floris. Foli: Não há movimento sem rítmo. Scott
Underwood escreve: "Foli (a palavra Malinke para o ritmo) é um filme de 11
minutos dirigido por Thomas Roebers e Floris Leeuwenberg que mostra a vida
diária rítmica de Baro, uma aldeia Malinke na Guiné. . Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=lVPLIuBy9CY>
Acesso em 21/08/2013.
TENDLER, Silvio.
Encontro com Milton Santos ou O Mundo
Global Visto do Lado de Cá. Documentário de Silvio Tendler. Rio de Janeiro.
Caliban Produções. 2006 Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM>
Acesso em 21/08/2013.
[1]Para Milton Santos o globalitarismo é um neologismo que representa a globalização somada ao totalitarismo, ou seja, a globalização perversa e totalitária em que vivemos. "Eu chamo a globalização de globalitarismo, porque estamos vivendo uma nova fase de totalitarismo. O sistema político utiliza os sistemas técnicos contemporâneos para produzir a atual globalização, conduzindo-nos para formas de relações econômicas implacáveis, que não aceitam discussão, que exigem obediência imediata, sem a qual os atores são expulsos da cena ou permanecem dependentes, como se fossem escravos de novo. Escravos de uma lógica sem a qual o sistema econômico não funciona. Que outra vez, por isso mesmo, acaba sendo um sistema político".Entrevista concedida a José Corrêia Leite, editor do Jornal Em Tempo. Disponível em:<http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=2412> Acesso em 21/08/20013.
[2] A IS (Internacional Situacionista) -
grupo de artistas, pensadores e ativistas situcionistas - lutavam contra o
espetáculo, a cultura espetacular e a espetacularização em geral, ou seja,
contra a não-participação, a alienação e a passividade da sociedade. Eles
acreditavam que o principal antídoto contra o espetáculo seria o seu oposto: a participação
ativa dos indivíduos em todos os campos da vida social, principalmente naquele
da cultura. O interesse dos situacionistas pelas questões urbanas foi uma
consequência da importância dada por estes ao meio urbano como terreno de ação,
de produção de novas formas de intervenção e de luta contra a monotonia, ou
ausência de paixão, da vida cotidiana moderna. A crítica urbana situacionista
continuaria assim, em sua essência, pertinente ainda hoje. Assim como a sua
proposta principal de participação dos cidadãos na construção das cidades, sobretudo
se pensarmos na atual “espetacularização” do espaço urbano (JACQUES, 2002).
[3] Conforme
sinalização posta no local, a Praça da República foi fundada em 1722,
juntamente com a Igreja Bom Jesus de Cuiabá, a mando do capitão-mor Jacinto
Barbosa Lopes quando Miguel Sutil descobriu ouro no córrego da Prainha. Em
1922, bicentenário da capital, a praça passou por reformas e recebeu iluminação
elétrica, passando a chamar-se Praça da República.
[4] Planta cultivada em um dos canteiros da praça, que se
adapta bem ao calor, necessita de poucos cuidados e produz flores com várias
colorações.
[5]
Intervenção urbana do Coletiva à Deriva que pede mais sombras para Cuiabá.
[6]MASCARO, Juan José; DIAS, Ariane Pedrotti de Ávila;
GIACOMIN, Suelen Debona: Arborização
Pública como Estratégia de Sustentabilidade Urbana. Passo Fundo:
Universidade de Passo Fundo – Faculdade de Engenharia e Arquitetura -
Disponível em:<http://www.usp.br/nutau/CD/29.pdf> Acesso em 15/08/2013.
[7]TENDLER, Silvio. Encontro com Milton Santos ou O Mundo Global Visto do Lado de Cá. Documentário de Silvio Tendler. Rio de Janeiro. Caliban Produções. 2006 Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM> Acesso em 21/08/2013.
[8] De
acordo com a Prof. Maria Adélia Aparecida de Souza (2005) o Grito do Território
é uma espécie de revanche ao globaritarismo,
ou seja, ações que a partir do território e dos lugares irão gerar um
novo tempo em que Milton Santos denominou de período popular da história,
período esse mais solidário.
[9] TENDLER,
Silvio. Encontro com Milton Santos ou O
Mundo Global Visto do Lado de Cá. Documentário de Silvio Tendler. Rio de
Janeiro. Caliban Produções. 2006. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM>
Acesso em 21/08/2013.
[10] Veja-se
SANTOS 2010 para um análise mais aprofundado.
[11]
FOLI: Não há movimento sem ritmo. Scott Underwood escreve: "Foli (a
palavra Malinke para o ritmo) é um filme de 11 minutos dirigido por Thomas
Roebers e Floris Leeuwenberg que mostra a vida diária rítmica de Baro, uma
aldeia Malinke na Guiné. Disponível em:<http://www.youtube.com/watch?v=lVPLIuBy9CY>
Acesso em 21/08/2013.